Lições
Bíblicas CPAD / Jovens e Adultos
Lição 2: Esperança
em Meio à Adversidade
TEXTO ÁUREO: “Porque para mim o viver é Cristo,
e o morrer é ganho” (Fp 1.21).
VERDADE PRÁTICA: Nenhuma adversidade poderá reter a graça e o poder do evangelho.
INTERAÇÃO
A prisão do apóstolo Paulo em Roma foi
crucial para a propagação do Evangelho na região de Filipos. A partir de uma
experiência de sofrimento, Deus usou pessoas para propagar a mensagem das Boas
Novas. É verdade que alguns pregadores usavam o sofrimento do apóstolo para
proclamar Cristo de boa consciência. Outros se utilizavam do sofrimento alheio
para obterem vantagens pessoais. Cristo não era o centro das suas preleções.
Infelizmente, na atualidade, algumas pessoas perderam o temor de Deus. O
exemplo daqueles pregadores de Filipos, elas exploram as tragédias pessoais,
pois veem nelas a oportunidade de se locupletarem com as feridas alheias (elas
sabem que o sofrimento humano pode ser muito rentável). Cristo não se acha mais
no centro de suas vidas.
OBJETIVOS: Após
esta aula, o aluno deverá estar apto a:
- Saber que as adversidades podem contribuir
para a expansão do Evangelho.
- Explicar as motivações de Paulo para a
pregação do Evangelho.
- Compreender que o significado da vida consiste
em vivermos para o Evangelho.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Prezado professor, para concluir a lição sugerimos a seguinte atividade:
(1) Pesquise ao menos três países cujo índice de perseguição religiosa é
grande. (2) Identifique missionários que atuam nesses locais (a pesquisa pode
ser feita pelas agências missionárias, secretaria de missões de sua igreja ou
internet). (3) Em seguida, pesquise o crescimento de cristãos nesses países
visando identificar como o trabalho missionário tem sido realizado. Conclua
dizendo que, a exemplo do que ocorreu a Paulo, o Evangelho continua a ser
propagado no mundo através do sofrimento de muitas pessoas que se dispõem a
propagá-lo com ousadia.
INTRODUÇÃO
Palavra Chave: Adversidade: Infelicidade, infortúnio, revés. Qualidade ou caráter de adverso.
Nesta lição, veremos como a paixão pelas almas consumia o coração de
Paulo. Embora preso em Roma, ele não esmorecia na missão de proclamar o
Evangelho. E, tendo como ponto de partida o seu sofrimento, o apóstolo ensina
aos filipenses que nenhuma adversidade será capaz de arrefecer lhes a fé em
Cristo. Ao contrário, ele demonstra o quanto as suas adversidades foram
positivas ao progresso do Reino de Deus.
I. ADVERSIDADE: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA A
PROCLAMAÇÃO DO EVANGELHO
1. Paulo na prisão.
Paulo estava preso em Roma, aguardando julgamento. Ele sabia que tanto
poderia ser absolvido como executado. Todavia, não se achava ansioso. O que
mais desejava era, com toda ousadia, anunciar a Cristo até mesmo no tribunal.
Paulo não era um preso qualquer; sua segurança estava sob os cuidados da guarda
pretoriana (1.13). Constituída de 10 mil soldados, esta guarda encarregava-se
de proteger os representantes do Império Romano em qualquer lugar do mundo. Sua
principal tarefa era a proteção do imperador.
2. Uma porta se abre através da adversidade.
Uma das principais contribuições da prisão de Paulo foi a livre
comunicação do Evangelho na capital do mundo antigo. Os cristãos estavam
espalhados por toda a cidade de Roma e adjacências. Definitivamente a prisão de
Paulo não reteve a força do Evangelho e o promoveu universalmente. Deus usou o
sofrimento do apóstolo para que o Evangelho fosse anunciado de Roma para o
mundo (v.13).
II. O TESTEMUNHO DE PAULO NA ADVERSIDADE
(1.12,13)
1. O poder do Evangelho.
De modo objetivo, Paulo diz aos filipenses que nenhuma cadeia será capaz
de impor limites ao Evangelho de Cristo. Esse sentimento superava todas as
expectativas do apóstolo concernentes ao crescimento do Reino de Deus. O seu
propósito era ver as Boas Novas prosperando entre os gentios. Portanto, nenhum
poder humano conterá a força do Evangelho, pois este é o poder de Deus para
salvação de todo aquele que crê (Rm 1.16).
2. A preocupação dos filipenses com
Paulo.
Está implícita a preocupação dos filipenses com o bem-estar de Paulo.
Eles o amavam e sabiam do seu ardor em proclamar o Evangelho. Todavia, achavam
que a sua prisão prejudicaria a causa cristã. O versículo 12 traz exatamente
essa conotação: “E quero, irmãos, que saibais as coisas que me aconteceram
contribuíram para maior proveito do evangelho”. Para o apóstolo, seu
encarceramento contribuiu ainda mais para o progresso da mensagem evangélica
(v.13).
3. Paulo rejeita a autopiedade.
Paulo era um missionário consciente da sua missão. Para ele, o
sofrimento no exercício do santo ministério era circunstancial e estava sob os
cuidados de Deus (v.19). Por isso, não manifestava autopiedade; não precisava
disso para conquistar a compaixão das pessoas. Para o apóstolo, a soberania de
Deus faz do sofrimento algo passageiro, pois os infortúnios servem para
encher-nos de esperança, conduzindo-nos numa bem-aventurada expectativa de “que
todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus,
daqueles que são chamados por seu decreto” (Rm 8.28).
III. MOTIVAÇÕES PARA A PREGAÇÃO DO
EVANGELHO (1.14-18)
Duas motivações predominavam nas igrejas da Ásia Menor onde o apóstolo
Paulo atuava. São elas:
1. A motivação positiva.
“E muitos dos irmãos no Senhor, tomando ânimo com as minhas prisões,
ousam falar a palavra mais confiadamente, sem temor” (v.14). Estava claro para
os cristãos romanos, bem como para a guarda pretoriana, que o processo judicial
contra Paulo era injusto, porque ele não havia cometido crime algum. Além de
saberem da inocência do apóstolo, os pretorianos recebiam diariamente deste a
mensagem do Evangelho (v.13). O resultado não poderia ser outro. Os cristãos
filipenses foram estimulados a anunciar o Evangelho com total destemor e
coragem.
2. A motivação negativa.
A prisão de Paulo motivou os cristãos a proclamar o Evangelho de “boa
mente” e “por amor”. Mas havia aqueles que usavam a prisão do apóstolo para
garantir vantagens pessoais. Dominados pela inveja e pela teimosia, agiam por
motivos errados. Mas pelo Espírito, o apóstolo entendeu que o mais importante
era anunciar Cristo ao mundo “de toda a maneira”. Isto não significa que Paulo
aprovava quem procedia dessa forma, porque um dia todo mal obreiro terá de dar
contas de seus atos ao Senhor (Mt 7.21-23).
IV. O DILEMA DE PAULO (1.19-22ss.)
1. Viver para Cristo.
“Nisto me regozijo e me regozijarei ainda” (v.18). Estas palavras
refletem a alegria de Paulo sobre o avanço do Evangelho no mundo. Viver, para o
apóstolo, só se justifica se a razão for o ministério cristão: “Porque para mim
o viver é Cristo, e o morrer é ganho. Mas, se o viver na carne me der fruto da
minha obra, não sei, então, o que deva escolher" (vv.21,22).
A morte para ele era um evento natural, mas glorioso. Significava estar
imediatamente com Cristo. O Mestre era tudo para Paulo, o princípio, a essência
e o fim da sua vida. Nele, o apóstolo vivia e se movia para a glória de Deus.
Por isso, podia dizer: “E vivo, não mais eu; mas Cristo vive em mim” (Gl 2.20).
2. Paulo supera o dilema.
“Estar com Cristo” e “viver na carne”. Este era o dilema do apóstolo
(vv.23,24). Ele desejava estar na plenitude com o Senhor. Todavia, o amor dele
pelos gentios era igualmente intenso. “Ficar na carne” (v.24), aqui, refere-se
à vida física. Isto é: viver para disseminar o Evangelho pelo mundo. Mais do
que escolha pessoal, estar vivo justifica-se apenas para proclamar o Evangelho
e fortalecer a Igreja. Este era o pensamento paulino. Nos versículos 25 e 26,
ele entende que, se fosse posto em liberdade, poderia rever os irmãos de
Filipos, e viver o amor fraterno pela providência do Espírito Santo.
CONCLUSÃO
Paulo resolveu o seu dilema em relação à igreja, declarando que o seu
desejo de estar com Cristo foi superado pela amorosa obrigação de servir aos
irmãos (vv.24-26). Ele nos ensina que devemos estar prontos a trabalhar na
causa do Senhor, mesmo que isso signifique enfrentar oposição dos falsos
crentes e até privações materiais. O que deve nos importar é o progresso do
Evangelho e o crescimento da Igreja de Cristo (vv.25,26).
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
PEARLMAN, M. Epístolas Paulinas: Semeando as Doutrinas Cristãs.
1 ed., RJ:
CPAD, 1998.
ZUCK, R. B. (Ed.) Teologia do Novo Testamento. 1 ed., RJ: CPAD, 2008.
ZUCK, R. B. (Ed.) Teologia do Novo Testamento. 1 ed., RJ: CPAD, 2008.
EXERCÍCIOS
1. De acordo com a lição, qual foi a
principal contribuição da prisão de Paulo para o Evangelho?
R. Foi a livre comunicação do Evangelho na
capital do mundo antigo.
2. Como Paulo via o sofrimento?
R. Para o apóstolo, a soberania de Deus faz
do sofrimento algo passageiro, pois os infortúnios servem para encher-nos de esperança,
conduzindo-nos numa bem-aventurada expectativa de “que todas as coisas
contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8.28).
3. Cite e explique as motivações que
predominavam nas igrejas da Ásia Menor onde o apóstolo Paulo atuava.
R. A primeira motivação era positiva,
caracterizada pela disposição dos filipenses pregarem o Evangelho com destemor
e coragem. A segunda era negativa, pois a sua principal característica era os
pregadores que usavam a prisão do apóstolo para garantir vantagens pessoais.4. Qual era o maior dilema de Paulo apontado na lição?
R. “Estar com Cristo” ou “viver na carne”.
5. Você está pronto a trabalhar na causa
do Senhor; mesmo que isso signifique enfrentar oposições de falsos crentes,
além das privações materiais ou físicas?
R. Resposta pessoal.
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO
Subsídio Teológico
“Alguns pregam Cristo por inveja e porfia, mas outros de boa mente”
(1.15). Posteriormente Paulo voltará sua atenção aos judaizantes, que
distorcem o evangelho insistindo nas obras como algo essencial para a salvação
(3.2-11). Aqui a tensão é pessoal em vez de doutrinária. Alguns se tornam
evangelistas mais ativos por um espírito competitivo, tendo um prazer perverso
no pensamento de que Paulo está atado e incapaz de tentar alcançá-los. Outros
se tornam evangelistas mais ativos por amor, um esforço de aliviar Paulo da
preocupação de que expansão do evangelho retrair-se-á devido à sua inatividade
forçada.
É fascinante ver como Paulo recusa-se a julgar as motivações, e está
encantado com o fato de que, seja pela razão que for o evangelho está sendo
pregado. Poucos de nós têm essa maturidade. Os críticos de Paulo poderão ficar
amargamente ressentidos com o seu sucesso, mas o apóstolo não ficará ressentido
com eles! Em vez disso ele se regozijará por Cristo estar sendo pregado, e
deixará a questão dos motivos para o Senhor.
Porque sei que disto me resultará
salvação (1.19). Paulo não se refere aqui à sua
libertação da prisão. “O maior perigo que qualquer um de nós enfrenta é o
desânimo que as dificuldades frequentemente criam” (RICHARDS, L. O. Comentário
Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1 ed., RJ: CPAD, 2007, p.437).
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
Esperança em meio à adversidade
É possível ter esperança em meio à adversidade? Esta pergunta pode
parecer mera retórica, pois uma vez proposta àquele que sofre, mas alienada da
sua realidade, ela ignora o sofrimento e as circunstâncias existenciais que a
maioria dos seres humanos enfrenta no mundo. A consequência não poderia ser
outra: a dissimulação de quem pergunta.
Porém, esta acusação não se pode fazer ao apóstolo Paulo. A sua
esperança na adversidade está latente quando ele comunica aos seus irmãos: “As
coisas que me aconteceram contribuíram para maior proveito do evangelho”
(1.12). Aqui, quem fala não é uma pessoa que se acampa e um escritório opulento
e distante do sofrimento alheio, mas um ser humano que redige uma mensagem de
esperança em um lugar contrário a qualquer esperança: a prisão. Mas
resolutamente encarcerado. Como alguém como Paulo poderia estar resoluto numa
prisão do primeiro século da era cristã?
A fé na soberania divina é a chave para entender a tranquilidade do
apóstolo. A partir dela, ele estava convencido de que o seu sofrimento serviria
para expandir o Evangelho entre os gentios. E os filipenses deveriam estar
conscientizados disso também.
O olhar do apóstolo agora se volta para a necessidade da igreja de
Filipos. Paulo sabe que a igreja é perseguida e sofredora. Embora o apóstolo
estivesse cheio da graça de Deus desejando imediatamente estar com Cristo, ao
voltar sua atenção para a necessidade da comunidade de Filipos ele entra num
dilema.
O dilema paulino é este: “Desejo
partir e estar com Cristo”, mas “julgo mais necessário, por amor de vós,
ficar na carne”. Aqui, descobrimos qual a esperança gloriosa do apóstolo em
meio à adversidade: Estar com Cristo. Esta esperança deve ser a da Igreja
também. Mas, em meio ao sofrimento, e após olhar para o sofrimento alheio, o
apóstolo não se julga no direito de partir com Cristo sabendo que poderia ser
um instrumento de Deus para encorajar irmãos na fé, edificá-los, e encorajá-los
a proclamar o Evangelho ao mundo. A lição apostólica não poderia ser outra:
quando olhamos para o sofrimento alheio e decidimos aliviá-lo brota em nós a
esperança de sermos salvos das nossas adversidades. Estar com Cristo deve ser o
nosso anseio, mas enquanto Ele não vem estaremos com Cristo juntamente com o
próximo sofredor. O nosso sofrimento deve impulsionar-nos a proclamar ao outro
aquilo que nos dá esperança: o Evangelho.
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