Lições Bíblicas CPAD / Adultos
Título: A Igreja e o seu Testemunho — As
ordenanças de Cristo nas cartas pastorais
Comentarista: Elinaldo Renovato de Lima
Lição 1: Uma mensagem à Igreja Local e à
Liderança
Data: 5 de Julho de 2015
TEXTO ÁUREO: “Ninguém despreze a tua mocidade; as sê o
exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, no amor, no espírito, na fé, na pureza”
(1Tm 4.12).
VERDADE PRÁTICA: As
cartas pastorais reúnem orientações à liderança cristã e aos membros em geral
para que vivam conforme a vontade de Deus.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abaixo, os
objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada
tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos
subtópicos.
I.
Introduzir as epístolas
pastorais de Timóteo e Tito.
II.
Conhecer os propósitos das
epístolas de Timóteo e Tito.
III.
Conscientizar a
respeito da atualidade das epístolas pastorais.
IV.
Explicar o conteúdo da
mensagem de Paulo para a liderança.
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Prezado professor, neste terceiro trimestre do ano, estudaremos a
respeito das epístolas de Timóteo e Tito. O autor destas cartas é o apóstolo
Paulo. Ele as escreveu com o objetivo de orientar e confortar dois jovens
pastores, Timóteo e Tito. A cada lição estudada, você verá que os conteúdos
destas epístolas são repletos de bons conselhos que podem ajudar líderes e
liderados a viverem conforme a vontade de Deus.O comentarista é o pastor Elinaldo Renovato de Lima — autor de diversos livros, líder da Assembleia de Deus em Parnamirim, RN.
O enriquecimento espiritual que advirá do estudo de cada lição será sentido na liderança e em cada membro da Igreja de Cristo.
INTRODUÇÃO
Neste trimestre teremos
a oportunidade ímpar de estudar as Epístolas de 1 e 2 Timóteo e Tito. Estas
cartas, em geral, são consideradas um conjunto, já que foram dirigidas a dois
jovens pastores que cuidavam do rebanho do Senhor juntamente com Paulo. O
conteúdo delas está repleto de conselhos úteis sobre a estrutura da vida na
igreja. Estes conselhos fazem destas cartas verdadeiras manuais eclesiásticas
para a liderança das Igrejas de hoje.
PONTO
CENTRAL: As epístolas de
Timóteo e Tito apresentam orientações aos líderes e membros quanto à vida
pessoal e cristã.
1.
Cartas pastorais.
As três epístolas
que estudaremos são chamadas de cartas pastorais, e isso se deve ao fato de
terem sido elas endereçadas a dois jovens pastores: Timóteo e Tito. Foram escrito
por Paulo, um líder itinerante, que estava preocupado com os jovens pastores.
Ele os instrui de modo cuidadoso a respeito do trato com a Igreja e com seus
ministérios.
2.
Datas em que foram escritas.
A Primeira Epístola
de Timóteo foi escrita por volta de 64 d.C., entre a primeira e a segunda
prisão de Paulo, e enviada de Roma ou da Macedônia (talvez Filipos). Em
seguida, por volta de 65 d.C., foi escrita a Carta a Tito. Já a Segunda
Epístola de Timóteo foi escrita em tomo de 67 d.C., quando do segundo
encarceramento do apóstolo, e antes de sua morte. Faz parte das “cartas da
prisão”, ao lado de Filipenses, Efésios, Colossenses e Filemom.
3.
Conteúdo.
Estas epístolas
formam um conjunto literário, devocional e doutrinário, em que se observam o mesmo
vocabulário, o mesmo estilo e os mesmos propósitos param qual foi escrita. A
estrutura foi elaborada com o intuito de alcançar seus destinatários com
solenes ensinos e advertências da parte de Deus. O conteúdo pode ser resumido
da seguinte maneira:
a) Saudação. Nas saudações aos destinatários,
Paulo demonstra o seu cuidado para com os jovens obreiros (1Tm 1.2; Tt 1.1-4;
2Tm 1.1,2);
b)
Qualificações ministeriais.
Paulo demonstra que para ser Ministro do Evangelho, há requisitos a serem
respeitados (1Tm 3.1-13; Tt 1.5-9);
c) Alerta
contra os falsos mestres e as falsas doutrinas (1Tm 4.1-5; Tt 1.10-16). Falsos mestres e falsas doutrinas já
existiam nas igrejas e infelizmente ainda existem em muitos lugares;
d) O
cuidado com a “sã doutrina” (1Tm 1.10; 6.3; 2Tm 1.13; 4.3; Tt
2.1); a falta desse
cuidado contribui para a disseminação das heresias e desvios de toda a espécie;
e)
Comportamento e conselhos a diversos grupos (1Tm 5.1-25; Tt 2.1-10). Paulo fala a respeito dos servos,
senhores, pais, filhos, jovens e outros grupos.
SÍNTESE
DO TÓPICO (I): As epístolas pastorais receberam esta designação
pelo fato de terem sido escritas e enviadas a dois pastores.
O centro do ensino
de Paulo a Timóteo concentra-se no modo de vida que é apropriado dentro da
igreja. As suas lições falam de oração (2.1-8), mulheres (2.9-15), a escolha de
‘bispos’ (3.1-7) e ‘diáconos’ (3.8-13) e concluem com uma liturgia de louvor
(3.14-16). Estas lições têm o objetivo de ajudar Timóteo, a saber ‘como convém
andar na igreja do Deus vivo’.
A seguir, Paulo
passa a falar do próprio Timóteo. É aparente que, embora Paulo amasse muito
Timóteo, e o enviasse em importantes missões. Timóteo, por natureza, era tímido
e hesitante. Por isto as palavras de Paulo parecem, às vezes, ir além do
incentivo e da exortação. Paulo lembra Timóteo de que ele pode esperar falsos
ensinos infectando as igrejas, e que o seu dever é ‘propor’ a verdade aos
irmãos (4.1-10). Mas Timóteo deve fazer ainda mais. Ele deve ‘mandar e ensinar’
a verdade, e não permitir que alguém ‘despreze’ sua ‘mocidade’. “E as
exortações prosseguem: Timóteo deve ‘meditar nestas coisas’, ‘ocupar-se nelas’
e ‘perseverar nelas’ (4.10-16)” (RICHARDS, Lawrence O. Comentário
Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2007, p. 467).
As cartas pastorais
de 1 Timóteo, 2 Timóteo e Tito tinham em comum os seguintes propósitos:
1. Orientar
os líderes quanto à vida pessoal.
Paulo exorta o
jovem pastor Timóteo dizendo que ele deveria servir como exemplo em tudo (1Tm
4.12,16). Para estar na liderança de uma igreja local é imprescindível ter uma
vida exemplar. Também é necessário e importante que o líder saiba cuidar bem de
sua vida familiar (1Tm 3.1-13), a fim de que sua esposa e filhos tenham uma boa
conduta.
2.
Combater as heresias.
Paulo sabia das
diversas heresias que ameaçavam as igrejas locais. O apóstolo estava preocupado
com os crentes que já haviam sido seduzidos pelo judaísmo. O judaísmo exigia o
cumprimento de vários rituais e liturgias, contudo Jesus nos ensinou uma nova
maneira de cumprir a Lei e de viver. Jesus fez uma Nova Aliança com a
humanidade mediante seu sacrifício na cruz. Naquele tempo havia também o perigo
do gnosticismo, ou seja, uma filosofia herética, que defendia o dualismo,
segundo o qual a matéria é má e o espírito é bom. Por isso, negava a encarnação
de Cristo, pois o corpo, sendo matéria, contaminaria seu espírito. Paulo deixou
Timóteo em Éfeso para amenizar os estragos dessa heresia, que se infiltrou no
meio dos crentes, sob influência de Himeneu e Alexandre (1Tm 1.19,20).
A responsabilidade
imediata de Timóteo era esta: ‘Para advertires a alguns que não ensinem outra
doutrina’. O apóstolo não nos informa a quem ele se referia quando emitiu esta
ordem; Timóteo provavelmente já sabia muito bem quem eram os envolvidos. Paulo
usa termos vagos para descrever a natureza destas heresias: Fábulas ou...
genealogias intermináveis, que mais produzem questões do que edificação de
Deus, que consiste na fé.
Mesmo que seja
impossível concluir com plena certeza quais eram esses ensinos que o apóstolo
percebia que estavam minando a fé dos cristãos efésios, não é forçar a
interpretação sugerir que se tratava de um começo de gnosticismo. A heresia
conhecida por gnosticismo, que no século II se tornou ameaça séria à
integridade do ensino cristão, tinha raízes judaicas e gentias. Houve três
fases sucessivas da influência judaica na igreja primitiva. A segunda era a
fase judaizante que Paulo combateu com tanta eficácia na Epístola aos Gálatas. “É
sobre a terceira fase, em que havia ‘revelações fingidas sobre nomes e genealogias
de anjos’, que o apóstolo procura avisar Timóteo” (RICHARDS, Lawrence O. Comentário
Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2007, p. 452).
Estamos vivendo os tempos
trabalhosos que Paulo falou em 1 Timóteo 4.1,2. Precisamos estar atentos, por
isso, vamos estudar duas heresias da atualidade. Estas precisam ser confrontadas
com a Palavra de Deus.
1. O
“evangelho” da prosperidade.
Um dos mais
eminentes defensores, desta falsa doutrina ensinou que “você é tanto uma
encarnação de Deus quanto Jesus Cristo o foi. Você não tem um deus dentro de
você. Você é um deus”. Se o crente é “deus” pode tudo; tudo o que disser
tornar-se-á realidade (confissão positiva); e terá o mundo e as riquezas que
desejar, sem pobreza nem enfermidades. À luz da Palavra de Deus, tal
ensinamento equivale a orgulho, presunção e soberba. Sabemos que Deus abomina
toda altivez (Pv 6.16-19) e que tal ensino é contrário as Escrituras Sagradas.
Somos criaturas, temos falhas e sem Deus nada somos e nada podemos. O poder e a
majestade são dEle.
2.
Apostasia dos últimos dias.
Paulo adverte aos
crentes quanto ao que está acontecendo nos dias atuais, onde muitos estão
abandonando a fé em Cristo. Em Tito, ele faz advertência semelhante sobre
falsos líderes, contradizentes e de torpe ganância (Tt 1.9-13). Precisamos
estar atentos para que os ensinos heréticos e a apostasia não alcancem a Igreja
do Senhor. O líder tem a responsabilidade de zelar pela sã doutrina.O Espírito Santo revelou explicitamente que haverá, nos últimos tempos, uma rebeldia organizada contra a fé pessoal em Jesus Cristo. Aparecerão na igreja pastores de grande capacidade e poderosamente ungidos por Deus. Alguns realizarão grandes coisas por Deus, e pregarão a verdade do evangelho de modo eficaz, mas se afastarão da fé e paulatinamente se voltarão para espíritos enganadores e falsas doutrinas. Por causa da unção e zelo por Deus que tinham antes, desviarão muitas pessoas.
Muitos crentes se desviarão da fé porque deixarão de amar a verdade (2Ts 2.10) e de resistir às tendências pecaminosas dos últimos dias. “Por isso, o evangelho liberal dos ministros e educadores modernistas encontrará pouca resistência em muitas igrejas” (Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, p. 1870).
IV. MENSAGEM
PARA A LIDERANÇA
1. Administração
eclesiástica.
Em 1 Timóteo 3.1-12
e em Tito 1.5-9, vemos um conjunto de qualificações que aqueles que desejam
liderar uma igreja necessitam ter. Infelizmente, em muitas igrejas, nem sempre
estas recomendações são observadas. Porém, a liderança exige esforço. É
necessário que o pastor tenha uma vida santa e irrepreensível. É preciso
esforço e disciplina. Observe com atenção, algumas das qualificações
necessárias ao líder: Irrepreensível, marido de uma só mulher, que tenha filhos
fiéis, não soberbos, não iracundos, não dados ao vinho, não espancador, não
cobiçoso de torpe ganância, dado à hospitalidade, amigo do bem, moderado,
justo, santo, temperante, retendo firme a Palavra, capaz de admoestar com a sã
doutrina, etc.
2.
Ética ministerial.
Na Segunda Epístola
a Timóteo, Paulo diz que o ministro deve apresentar-se a Deus “aprovado, como
obreiro que não tem de que se envergonhar; que maneja bem a palavra da verdade”
(2.15). A verdadeira liderança se estabelece pelo exemplo, pelo testemunho,
muito mais do que pela eloquência, pela oratória ou pela retórica. Não são os
diplomas de um pastor que o qualificam como líder cristão, mas seu exemplo, sua
ética, diante de Deus e da igreja local. Paulo tinha condições de ensinar liderança
e ética, pois sua vida era exemplo para a igreja e para os de fora (Fp 3.17;
1Co 11.1).O líder cristão não é o que “manda”, mas o que serve. Não é o maior, e sim o menor (Mt 20.24-28).
SÍNTESE
DO TÓPICO (IV): As epístolas de Timóteo e Tito apresentam um
conjunto de qualificações que aqueles que desejam a liderança devem ter.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
A liderança é
essencial à vida e missão da igreja. Sem ela, a igreja tropeça e cai num curso
incerto em sua peregrinação rumo a um lugar melhor. Sem liderança, a igreja não
é capaz de cumprir seus propósitos de ministrar eficazmente aos de dentro e
alcançar os de fora, nem pode render a Deus a glória que Ele merece.O pastor é a pessoa chamada para prover a liderança final da igreja, não importando o sistema administrativo dela. O sucesso da igreja depende em grande parte de sua capacidade de liderança.
Liderança é bíblica. A ideia de alguém liderando outros está fundamentada nas Escrituras. Assumir papel de líder na igreja de Deus e esperar que outros sigam seu exemplo não é egoísmo, autoritarismo, condescendência nem pecado. “Temos certeza disso porque as Escrituras deitam as bases e os princípios da liderança cristã” (MACARTHUR, John. Ministério Pastoral: Alcançando a excelência no ministério cristão. 7ª Edição. RJ: CPAD, 2012, pp.294-5).
As cartas pastorais contêm doutrinas e exortações quanto a assuntos práticos, mas também diretrizes gerais sobre liderança, designação de obreiros, suas qualificações, as responsabilidades espirituais e morais do ministério; do relacionamento com Deus, com os líderes e das relações interpessoais. São riquíssimas fontes de ensino para edificação das igrejas locais nos tempos presentes.
PARA REFLETIR
A
respeito das Cartas Pastorais:
1° Quais
as epístolas estudaremos neste trimestre?
Resp: 1 e 2 Timóteo e Tito.Resp: Elas foram escritas por Paulo.
Resp: Foi escrita no ano de 64 d.C. (aproximadamente).
Resp: Orientar os líderes quanto à vida pessoal e combater as heresias.
Resp: O líder cristão não é o que “manda”, mas o que serve. Não é o maior, e sim o menor.
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
Uma
mensagem à Igreja Local e à Liderança
Entre os anos 50 e
65 d.C., a Igreja era uma comunidade incipiente. Historicamente, há pouco havia
acabado de nascer. Nesse período, as cidades de Éfeso e de Creta foram evangelizadas
pelo apóstolo Paulo. Ali, numa região de domínio romano, mas também de
predominância cultural grega, o Evangelho “explodiu”. Uma incipiente comunidade
de cristãos em Éfeso e Creta não poderia ficar sem a referência apostólica, por
isso, o apóstolo dos gentios viu-se obrigado a escrever três cartas, cujos
estudiosos classificam como pastorais: 1 Timóteo, 2 Timóteo e Tito.Basicamente, as cartas contêm conselhos práticos de encorajamento sobre a vida e o ministério dos jovens pastores Timóteo e Tito. O apóstolo os instruiu sobre as normas necessárias, o combate imperioso contra as heresias e fábulas da época, entretanto, colocando a eclesiologia das comunidades em destaque: a organização da igreja; o cuidado competente e encorajador do pastor aos grupos específicos da igreja local, tais como aos jovens, aos adultos, aos anciões e aos oficiais da igreja.
O apóstolo Paulo era um missionário atarefado e, por isso, não poderia estar frequentemente nas comunidades fundadas por ele. Todavia, as igrejas cristãs não poderiam ficar sem o ensino de Cristo. Assim, percebemos a preocupação e a urgência que Paulo demonstrou sobre o estabelecimento de diáconos e presbíteros, logo nos primeiros capítulos de 1 Timóteo e de Tito. Em linhas gerais, podemos dizer que o objetivo principal das cartas era instruir os jovens pastores sobre como separar e estabelecer bons obreiros para a seara do mestre. De antemão, a tarefa do oficial cristão não é nada fácil, pois o tempo é difícil e trabalhoso. Os obreiros do Senhor, em primeiro lugar, deveriam ser provados e aprovados por Deus (2Tm 2.15), como pessoas aptas ao ensino do Evangelho, manejando bem a palavra da verdade. Esta predisposição era essencial a todo o vocacionado pelo Senhor a administrar a obra de Deus.
A partir dessa orientação pastoral, segundo as cartas de Paulo, veremos a administração das primeiras comunidades cristãs locais, organizando-se em um conselho de presbíteros, que se subdividiram em administradores e ensinadores (1Tm 5.17), e o estabelecimento dos diáconos (At 6). Portanto, a igreja do primeiro século era organizada, observava a Palavra, assistia e acolhia pessoas. Esta obra não podia acabar!
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