LIÇÕES BÍBLICAS CPAD / ADULTOS
Título: A razão
da nossa fé — Assim cremos, assim vivemos
Comentarista: Esequias
Soares
TEXTO ÁUREO: “Não te
maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo” (Jo 3.7).
VERDADE PRÁTICA: Cremos na necessidade absoluta do novo nascimento
pela graça de Deus, mediante a fé em Jesus Cristo.
OBJETIVO GERAL: Compreender a
necessidade absoluta do novo nascimento pela graça de Deus.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abaixo, os objetivos específicos
referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o
objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.
I. Apresentar Nicodemos como um líder religioso bem-intencionado;
II. Compreender o que é o novo nascimento;
III. Explicar por que é necessário nascer de novo.
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Professor,
na lição de hoje estudaremos a respeito do novo nascimento (Jo 3.3). Procure,
no decorrer da lição, enfatizar o fato de que o novo nascimento é uma das
principais doutrinas da fé cristã e que ninguém pode fazer parte do Reino de
Deus se não nascer de novo (Jo 3.3). Mediante a fé em Jesus experimentamos uma
profunda transformação de vida. Essa mudança radical não é apenas exterior, mas
interior. Contudo, temos visto que atualmente muito, como Nicodemos, não
consegue compreender a necessidade e a importância do nascer novamente. O
Senhor Jesus mostrou a Nicodemos, e a nós, que religião alguma tem condição de
transformar o homem. Somente Ele pode nos conceder uma nova natureza mediante a
fé.
INTRODUÇÃO
O tema da presente lição é de
suma importância porque muitas pessoas estão equivocadas nas coisas
concernentes à salvação, assim como Nicodemos também estava. As boas ações, um
padrão de vida exemplar e até mesmo a prática de uma religiosidade sincera não
conduzem ninguém à vida eterna. O diálogo de Jesus com Nicodemos, um líder
religioso honesto e sincero, revela a necessidade do novo nascimento para
entrar no Reino dos Céus.
PONTO CENTRAL: Cremos na necessidade do novo nascimento.
I. UM LÍDER RELIGIOSO BEM-INTENCIONADO
1. Quem era Nicodemos?
Muito pouco se sabe a respeito
dele. Seu nome é grego e significa “vencedor do povo”. Era fariseu, um príncipe
do povo (Jo 3.1) e membro do sinédrio (Jo 7.50). Nicodemos viu em Jesus algo
que não existe em nenhum dos seres humanos, mas ainda assim parece que não
queria ser visto pelo povo conversando com o Mestre. Talvez isso justifique o
fato de ter ido à noite se encontrar com o Senhor (v.2). Nicodemos nunca mais
foi o mesmo depois desse encontro com Jesus (Jo 7.51; 19.39). Esse diálogo
impressiona as pessoas ainda hoje, pois nele está o que consideramos ser o
texto áureo da Bíblia (Jo 3.16).
2. Os fariseus.
Representavam o povo e, apesar
de ser minoria na sociedade pré-cristã, exerciam forte influência na comunidade
judaica. Eram membros do sinédrio e tornaram-se inimigos implacáveis de Jesus.
Esse grupo formava uma seita (At 15.5). O apóstolo Paulo declara que o grupo
dos fariseus, ao qual Nicodemos pertencia antes de sua conversão, era a mais
severa seita do judaísmo (At 26.5; Gl 1.14; Fp 3.5). Os Evangelhos estão
repletos de provas do comportamento negativo dos fariseus e de suas
hipocrisias. Tanto que a palavra “fariseu” tornou-se sinônimo de hipócrita e
fingido, até os dias de hoje. Felizmente, Nicodemos era diferente deles (Jo
7.50,51).
3. Os sinais efetuados por Jesus.
Pouco tempo depois das bodas de
Caná da Galileia, Jesus retornou à Judéia, subindo a Jerusalém (Jo 2.13). Era a
sua primeira aparição pública na capital quando Nicodemos lhe procurou. Nessa
ocasião, Jesus operou muitos milagres e, “estando ele em Jerusalém pela Páscoa,
durante a festa, muitos, vendo os sinais que fazia, creram no seu nome” (Jo
2.23). Esses milagres atraíram Nicodemos. Talvez ele tenha se referido a esses
feitos milagrosos quando se dirigiu a Jesus, pois disse que “ninguém pode fazer
estes sinais que tu fazes se Deus não for com ele” (v.2).
SÍNTESE DO TÓPICO (I): Nicodemos
era um líder religioso bem-intencionado.
SUBSÍDIO DIDÁTICO
Professor, explique aos alunos
que Nicodemos era um fariseu e membro do Sinédrio. Para mostrar as principais
características desse grupo religioso, reproduza o quadro abaixo.
CONHEÇA MAIS
“Conversão”
[Do hb. sub, voltar
atrás; do gr. metanoeo, voltar; e, do lat. conversionem,
transformação] Mudança que Deus opera na vida do que aceita Cristo como o seu
Salvador pessoal, modificando-lhe radicalmente a maneira de ser, pensar e agir.
A conversão é o lado objetivo e externo do novo nascimento. Por intermédio
dela, o pecador arrependido mostra ao mundo a obra que Cristo operou em seu
interior: a regeneração. Em suma: o novo nascimento tem dois lados: um
subjetivo e outro objetivo”. Para conhecer mais, leia Dicionário Teológico,
CPAD, p.115.
II. O NOVO NASCIMENTO
1. É necessário nascer de novo (v.7).
Talvez Nicodemos esperasse uma resposta elogiosa como retribuição das
boas e sinceras palavras ditas a Jesus. Mas ele se surpreendeu com a declaração
do Mestre: “aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus” (v.3).
O que essas palavras significam? Nascer de novo é nascer da água e do Espírito
(v.5), e isso significa regeneração. É o início de uma nova vida, quando o
pecador se torna nova criatura (2Co 5.17) criada em Cristo Jesus (Ef 2.10).
Trata-se de uma experiência profunda com Jesus, e não de mera mudança de
religião.
2. Regeneração.
O termo significa literalmente
“gerar novamente” e só aparece duas vezes no Novo Testamento: a primeira no
sentido escatológico (Mt 19.28), ao se referir à restauração de todas as
coisas; e a outro como sinônimo de novo nascimento, cujo sentido é de salvação
em Cristo (Tt 3.5). Isso significa ser gerado da semente incorruptível (1Pe
1.23). Os reencarnacionistas costumam usar essa passagem para fundamentar a
doutrina da reencarnação. Mas essa não é a questão aqui. Jesus deixou claro ao
príncipe dos judeus: “O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do
Espírito é espírito” (v.6). Jesus não está falando em renascimento nem em
reencarnação; essas coisas nunca fizeram parte da tradição judaica.
3. A perplexidade de Nicodemos.
Muita gente pensa que Deus está
preocupado com religião. Mas essas pessoas estão enganadas, pois a vontade de
Deus é a comunhão com as suas criaturas inteligentes. O problema é que existe
uma barreira que se chama pecado (Is 59.2). Foi de Deus a iniciativa de comunicação
com Adão logo após a Queda (Gn 3.8-10). Quando Deus mandou Moisés levantar o
tabernáculo, manifestou o desejo de habitar no meio do seu povo (Êx 25.8). Por
fim, Deus assumiu a forma humana, “e o Verbo se fez carne e habitou entre nós”
(Jo 1.14). O novo nascimento é a restauração da comunhão com Deus, e não
significa seguir um conjunto de regras religiosas ou éticas. Isso estava muito
longe da forma de pensar de Nicodemos e de muitos religiosos ainda hoje.
SÍNTESE DO TÓPICO (II): Jesus
afirmou a necessidade do novo nascimento.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
O novo nascimento no Evangelho de João
Encontramos a única menção
explícita ao novo nascimento na conversa de Jesus com Nicodemos (3.1-21). Jesus
fala a Nicodemos: ‘Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de
novo não pode ver o Reino de Deus’ (v.3). A réplica de Nicodemos: ‘Como pode um
homem nascer, sendo velho? Porventura, pode tornar a entrar no ventre de sua
mãe e nascer?’ (v.4), indica que ele entendeu o comentário de Jesus na esfera
humana, física. A interpretação errônea de Nicodemos fornece a Jesus a
oportunidade de esclarecer o que queria dizer. Ele fala da necessidade de um
novo nascimento espiritual, não de um segundo nascimento físico (vv.6-8). A
interpretação errônea e o esclarecimento resultante dela são refletidos em um
jogo de palavras no versículo 3 (repetidas no v.7). A palavra grega aõthen,
traduzida por ‘novo’, na NVI, pode querer dizer ‘de novo’ ou ‘de cima’.
Contudo, o fato de Nicodemos entendê-la com o sentido de ‘de novo’ leva-o a
concluir que Jesus fala de um segundo nascimento físico, mas a resposta de
Jesus, registrada nos versículos 6-8, mostra que Ele se refere à necessidade de
um nascimento espiritual, um nascimento ‘de cima’. Esse novo nascimento não é
resultado de nenhum ato humano (cf. v.6), é obra do Espírito Santo (v.8). É
necessária a atividade sobrenatural do Espírito de Deus para realizar esse novo
nascimento espiritual no indivíduo. Ele não consiste apenas em percepção ou
compreensão mais excelente, mas na completa transformação do indivíduo (cf. 2Co
5.17) (ZUCK, Roy B. Teologia do Novo Testamento. 1ª Edição. RJ, CPAD, 2008,
pp.245-6).
III. UMA NECESSIDADE
1. O estado humano.
A Bíblia ensina, e a experiência humana confirma que todos os seres
humanos estão mortos “em ofensas e pecados” (Ef 2.1). O ensino paulino sobre a
universalidade do pecado veio diretamente do Senhor Jesus (Gl 1.11,12), e sua
base está em muitas passagens do Antigo Testamento (Rm 3.10-12; Sl 51.5; 58.3).
Nicodemos como “mestre em Israel” (v.10), deveria estar inteirado sobre o
assunto. Além disso, Jesus usou a linguagem bíblica ao lhe comunicar a
necessidade do novo nascimento (Ez 11.19; 18.31; 36.26). Trata-se de uma
necessidade imperiosa porque todas as pessoas estão mortas e precisam reviver
receber vida espiritual (vv.6,7). Precisamos de uma experiência nova com
Cristo.
2. Saulo de Tarso.
Ninguém no mundo nasce cristão;
todos os seres humanos nascem pecadores (Rm 3.23; 5.12). A salvação é
individual e pessoal. Por isso, até mesmo aquele que nasceu num lar cristão,
apesar do privilégio de ter sido criado num ambiente cristão e de ter recebido
uma valiosa herança espiritual dos pais, precisa receber a Jesus como Salvador
pessoal para se tornar filho de Deus (Jo 1.12). Ninguém é salvo simplesmente
por pertencer a uma religião ou seguir a tradição de seus antepassados. Saulo
de Tarso é um bom exemplo, pois ele mesmo declara ser extremamente religioso; e
não um religioso qualquer, mas um praticante inveterado do judaísmo (At 26.5;
Gl 1.14; Fp 3.5). Depois de sua experiência com Jesus, ele se considerou o
principal entre os pecadores (1Tm 1.15) e descreveu o seu estado de miséria
diante de Deus igualando-se aos demais pecadores: “insensatos, desobedientes, extraviados,
servindo a várias concupiscências e deleites, vivendo em malícia e inveja,
odiosos, odiando-nos uns aos outros” (Tt 3.3).
3. O centurião Cornélio.
Não existe salvação sem Jesus
(Jo 14.6). Nicodemos e Paulo eram israelitas e professavam à religião dos seus
antepassados, Abraão, Isaque, Jacó, Samuel, Davi e outros patriarcas, reis e
profetas do Antigo Testamento. Mas Cornélio era romano e, mesmo assim, talvez
por influência da religião judaica, era “piedoso e temente a Deus, com toda a
sua casa, o qual fazia muitas esmolas ao povo e, de contínuo, orava a Deus” (At
10.2). Observe que essas atitudes de Cornélio tinham a aprovação divina (At
10.4). Mas ninguém é salvo pelas obras (Gl 2.16). Por isso o apóstolo Pedro foi
enviado para falar a Cornélio sobre a salvação em Cristo. A descrição bíblica
da conduta de Cornélio se repete ao longo da história humana nas mais diversas
culturas e civilizações. A conversão envolve fé, arrependimento e regeneração.
A salvação é um dom de Deus mediante a fé em Jesus (Ef 2.8,9).
SÍNTESE DO TÓPICO (III): O novo
nascimento é uma necessidade para toda criatura.
SUBSÍDIO DIDÁTICO
Professor copie o esquema abaixo
no quadro. Utilize-o para explicar aos alunos o fato de que Paulo era um homem
extremamente religioso, conhecedor da Lei, porém sedento espiritualmente. A
religiosidade não implica em relacionamento com Deus. Todavia, Paulo teve um
encontro com Cristo, confessou seus pecados, entregou-se inteiramente a Jesus e
passou a ter uma nova vida, que implica num relacionamento íntimo e pessoal com
Jesus. Mais tarde Paulo aprendeu o que é padecer pelo Senhor. Por intermédio
desse “vaso escolhido” a igreja tornou-se basicamente gentia.
CONCLUSÃO
Há ainda hoje muitas pessoas
religiosas e sinceras como Cornélio e pessoas bem-intencionadas como Nicodemos,
mas elas precisam nascer de novo, da água e do Espírito para herdarem o Reino
de Deus. É nossa tarefa como cristãos e comunicadores do evangelho falar sobre
a necessidade do novo nascimento não somente ao pecador contumaz, mas também
aos muitos “Nicodemos” e “Cornélio” que estão à nossa volta.
PARA REFLETIR
A respeito da necessidade do novo nascimento,
responda:
1° Por que o diálogo de Nicodemos com Jesus ainda
impressiona as pessoas até hoje?
Resp: Esse diálogo impressiona as pessoas ainda hoje, pois nele está o que
consideramos ser o texto áureo da Bíblia (Jo 3.16).
2° O que atraiu Nicodemos a Jesus?
Resp: Os milagres que Jesus havia realizado.
3° O que significa nascer de novo, da água e do
Espírito?
Resp: Nascer de novo é nascer da água e do Espírito, e isso significa
regeneração. É o início de uma nova vida, quando o pecador se torna nova criatura
(2Co 5.17) criada em Cristo Jesus (Ef 2.10). Trata-se de uma experiência
profunda com Jesus, e não de mera mudança de religião.
4° Qual a vontade de Deus em relação às suas
criaturas?
Resp: Que creiam em Jesus Cristo para perdão dos pecados e experimentem o
novo nascimento.
5° Como o apóstolo Paulo passou a se ver depois de
sua experiência com Cristo?
Resp: Depois de sua experiência com Jesus, ele se considerou o principal
entre os pecadores (1Tm 1.15) e descreveu o seu estado de miséria diante de
Deus igualando-se aos demais pecadores (Tt 3.3).
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
A necessidade do Novo Nascimento
Nesta lição é preciso ressaltar
que pela fé em Cristo o ser humano pode se tornar nova criatura. Nesse aspecto,
o passado fica para trás e em Cristo tudo se faz novo. Então, passamos ter um
novo olhar, uma nova atitude, um novo comportamento. Assim, ocorre a verdadeira
conversão no Senhor.
O novo nascimento é uma das mais
importantes doutrinas cristãs, pois ninguém pode fazer parte de Reino de Deus
se não passar pelo processo de sincera conversão (Jo 3.3). É quando pela fé em
Jesus experimentamos uma metanoia, isto é, uma transformação que se
inicia no interior para transbordar para o exterior. Os sentimentos egoístas do
coração são substituídos por aquilo que agrada a Deus, os pensamentos passam
pela renovação da nossa mente por ação do Espírito Santo, por isso, temos a
mente de Cristo (1Co 2.16). De fato, uma nova vida é implantada em nós.
Destacar, exemplificar e explorar as verdades desse ensino deve ser o objetivo
maior da presente aula.
Nova Criação e Regeneração
Quando o ser humano é
regenerado, o que acontece é uma ação decisiva e instantânea do Espírito Santo
no ser humano. Podemos dizer que ocorre uma nova criação no interior humano: “Assim
que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram;
eis que tudo se fez novo” (2Co 5.17). Chama-nos a atenção a expressão “nova
criatura é”. Significa que não “será”, muito menos há qualquer idéia
relativizada acerca da natureza do novo nascimento. Simplesmente a pessoa que
está em Cristo “é uma nova criatura”. De maneira decidida e espontânea ela foi
regenerada pelo Espírito Santo e reconciliada com Deus por intermédio de Cristo
Jesus (2Co 5.19). Aqui está a garantia da real conversão, da marca de nova
criação. Tal experiência é que traz na vida do novo convertido a certeza de que
agora ele está seguro em Deus e nada poderá abalar a sua fé.
Um convite a desfrutar da presença de Deus
Deus fez tudo novo em nós. O que
Ele faz é bom, agradável e perfeito. O nosso maior desafio é jamais deixar de
convivermos diariamente com a presença dEle. É o elemento mais importante para
a nossa sobrevivência espiritual. Por isso, não permitir que a frieza
espiritual bata a porta da vida nem que a incredulidade invada a mente e
escravize o coração, e que o Espírito Santo ensine quem nasceu de novo são
ensinamentos e reflexões que devem ser explorados ao longo da presente lição.
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